Identidades LGBTQIA+ racializadas

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Compreendendo as experiências raciais e étnicas na comunidade

É extremamente importante, quando falamos sobre vivências de pessoas LGBTQIAP+, considerarmos mais do que a identidade de gênero e a orientação sexual como fatores de impacto em suas histórias, relações e saúde (física e mental). É imprescindível considerar também outros aspectos fundamentais de suas vidas — um dos mais latentes sendo a raça/etnia.

Os ambientes e condições em que pessoas não brancas crescem e se desenvolvem, em especial as negras, afetam diretamente suas percepções sobre si e sobre o mundo, bem como a percepção do mundo sobre elas. Quando elas são também LGBTQIAP+, há uma sobreposição de repressão e violências que nem sempre são identificadas prontamente como relacionadas a um fator ou outro. Até porque podem estar relacionadas a mais de um.

Ou seja, existem opressões que pessoas racializadas LGBTQIA+ sofrem exclusivamente por serem, ao mesmo tempo, racializadas e LGBTQIA+. Isso se traduz em uma vivência que nem pessoas brancas LGBTQIA+, nem pessoas racializadas heterossexuais e cisgênero conhecem. E isso exige uma atuação capacitada e empática de quem cerca essa população, desde familiares e amigos até profissionais de saúde e agentes públicos.

Todos nós vivemos todos os dias com o racismo estrutural: temos bases racistas na própria construção política e econômica da nossa sociedade. Esse racismo também é o fio condutor das violências contra pessoas LGBTQIA+, uma vez que se pauta em pretextos colonizadores.

Não é possível, então, dissociar os sofrimentos psicofísicos sofridos por uma população que enfrenta ambas as situações simultaneamente. São corpos vulneráveis e essa vulnerabilidade deve ser tratada de maneira interseccional, ou seja, a partir de um entendimento integrado e completo sobre o que é preciso ser feito para melhorar as condições existenciais dessas pessoas, e não separando “o que vem do racismo” e “o que vem da lgbtfobia”. A identidade de uma pessoa não se divide: ela é o que é integralmente. As violências, alegrias, dúvidas e conflitos que ela vivencia também são.

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